Se você percebesse o quanto da vida se derrama em
nosso colo sem que nada, mas nada, possamos fazer. Se você soubesse que a construção
e a estabilidade estão divididas entre séculos e campos. Que o encontro de
estradas e de estrelas é aquilo nos faz num rompante de mundo ser um mesmo
único tempo e depois desfazer-se por inteiro. Que o tempo é mistério. Que a instabilidade
faz de nosso corpo-campo-sopro aquilo que nós somos. Que o Destino tem voz que
machuca-constrange. Tem tanta gente. Não temos culpa que a construção seja
construída na vaga ideia de um tempo mensurável. Se você percebesse, você
saberia num desespero quase ansioso, quase infantil, quase fortuito (quase
sábio) que você é único e que depois não haverá mais esse único haver. Que
haver é preparar-se para não mais haver. Se você tivesse fé nas estradas e nas
estrelas saberia que a construção se desfaz por inteira num rompante único. Se
você permitisse que estradas e estrelas se derramassem em teu colo, talvez você
soubesse. Se você se permitisse saber que não há talvez nada mais único e
bonito do que simplesmente não saber o que haverá. Que o tempo é fortuito e
somos infantis, constrangidos. Que o mistério é um rompante e somos machucados,
mas imensos. Se você soubesse que somos imensos, apesar de toda essa gente. Se
nesse único houvesse você percebesse que somos gente.
domingo, 14 de janeiro de 2018
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