segunda-feira, 12 de março de 2012

Saturnino

O Demônio de mil faces

Lembra-me sempre deste coração saturnino,

Empoeirado e cheio de anéis.

Ansiedade, dor e medo:

Dilatam minhas pupilas cinzentas,

Amantes cruéis e vertiginosos

Que se devoram em espirais de loucura e caos.

E nas sete esferas infernais, 

Presentes nesta mente,

Furtivos ventos e antigos galhos

Derrubam nuvens negras entre meus dedos de lua.

Pois nas agonizantes tempestades de ar

Vemos o outono se aproximar

Nos olhos de um  velho homem.

domingo, 4 de março de 2012

Morte e Delírio

Angústia e frieza,
arranham minha pele e eriçam meus pêlos
Com seu toque úmido e intenso
mas quase imperceptível...
Falsamente delicado.

O coelho corre ao longe....

Não há dor pra quem já está morto.
Distantes nuvens de fumaça 
se formam sobre 
Seus olhos de vidro.

E encaracolados cabelos de metal
Dilaceram meu corpo inerte,
Enquanto embriagados dançamos,
Como loucos, a última sinfonia.

Inexistente paixão e dor constante:
Não há grito, não há mais súplica:
Tão somente uma terra árida,
Um peito abatido e sem vida
E confortavelmente anestesiado.


Semeadura

Há naquele céu de prata
Lampejos de cinzas e rosas
E em suas nuvens taciturnas
Vejo, porém, a aurora distante
A insinuar-se preguiçosamente
Sobre o céu de Saturno,
Céu de Lua e de Estrela Vênus.
Tristezas, cantos, corpos e cheiros,
Embotados com os primeiros raios
Do mestre de todas as manhãs...
Trazendo calor e canções
Até mesmo aos corações mais cansados e solitários.

[01/03/2012]