sábado, 20 de março de 2010

Estranho

Penso como será o cheiro de teus cabelos
E teu coração a pulsar perto de mim
Num dia distante e outonal.
Minha falta ainda não sentida
E o pressentimento de sonhos não vividos.

Chamam pelo teu nome,
Aqueles deuses antigos,
Que apenas eu e você sabemos bem.

Flautas e estranhos caminhos...

Olhos de Pássaro

Olhos de vento
E asas de chão
Assim são os pássaros do norte.
Não tem barco ou canção que te salve
deste desassossego...

Presta atenção:
Tua solidão mãe e
Os cantos noturnos
E ainda os outros abraços
São castas presas de tua sorte.

Terra revolta em teu coração
Água em terra, terra em fogo;
Beija tua morte e saúde tua liberdade
Maldito pássaro cheio de vaidade
De pele fria e triste história.

Corra comigo, pequena criança
Que teu sorriso me faça esquecer
E que teus futuros braços me façam aquecer
estes turvos caminhos, sempre à oeste...

Gemidos de dor, prazer e desespero,
Homens ao longe,
Sentimentos de pesar.
Voas no céu mais alto
E tens visão soturna,
Pois tens olhos de vento
E asas de chão.

[escrito para alguém que talvez ainda não exista, mas já posso ver alguns pequenos contornos delineados.]

sábado, 6 de março de 2010

Menina Morta

Mães, florestas e grandes olhos
Filha das chuvas e tempestades,
Por que a tristeza deve ser tão funda no peito amargo?
- Não há vida nos olhos da menina morta.

Correu para longe, gritou em desespero:
Secou as lágrimas com o veneno do tempo;
E guardou no coração todos os antigos rancores.
-Não há vida nos olhos da menina morta.

As mãos crispadas do medo do passado
Que sempre bate à porta...
Que dilacera o prazer de viver...
-Não há vida nos olhos da menina morta.

O controle do teu coração foi perdido,
Hoje ele vaga num deserto de loucura iminente
O vazio sem cura, é tempo de se perder.
-Não há vida nos olhos da menina morta.


Não me siga.