segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Sete vezes um nome semelhante ao teu

O cosmos espelhado em meus sete dedos vitrificou o universo giratório num estalar de língua.
Seu movimento paralisou sete estrelas em tumultos de nomes, cores e carbono.
A vida seguiu um movimento excepcional que permitia aos sete seres abissais romperem barreiras de sons e de nomes antigos.
A vida pulsava em caminhos de nebulosas como se amigos de meus sete olhos fossem as estrelas da bruxa da casa número sete. 
Sete vezes sete sob sete vezes o número de meu sangue mais sagrado, pulsei os olhos em sete vidas distantes, com sete gatos, gatos de sete cores. Gatos de sete casas distintas. Gatos das sete ilhas dos sete pontos do meu corpo. Sete covas, sete corpos, sete mortes, sete direções.
O grito expandiu mais galáxias quando cantarolei meu poder com teus sete nomes igualmente mágicos.
Sete vezes os caminhos chegaram ao vítreo das pupilas dos sete gatos mencionados.
Constelações possuíam o dom de exterminar com sistemas complexos as máquinas sonhadas pelos sete meninos de minhas sete casas.
Os sons expelidos pelo sopro quente de sete flautas em danças de animais de cascos com cabeças de sete homens miravam os sete mares em melancolia profunda.
Sete homens miravam os sete gatos com um suspiro digno das galáxias profundas dos corações de carbono.
Não havia como evitar a mirada de sete homens sobre sete caminhos e meus dedos vitrificaram o universo giratório de teu nome antigo.
Disseram-me ao pé do ouvido que havia sete campos de trigo, sete pilhas de feno, sete colmeias de abelhas a seguir com os pés envoltos em sagrada lama.
Ditaram regras que sete corpos haviam deixado criar numa noite as sete luas cheias. 
As sete luas cheias puderam ser observadas a olho nu. 
E as sete luas tinham um nome aproximado e de semelhança ao teu.



sábado, 27 de fevereiro de 2016

Matéria Circular

A aurora ofuscou o céu e mascarou as pupilas da criança e do demônio.
Na penumbra das sombras que formam teu corpo magro, esguio, negro, penumbra, corpo negro.
O que a palavra me deu foi língua extinta, chumbo em carne, vidas e silenciosos espasmos.
Silenciosos vasos percorreram as salas visitadas, meio pálidas pelo branco da lateral de teus olhos.
Eram escuros, repletos de grito dissonante e etéreo na vaga memória que possuo da morte.
Talvez um pertence ou objeto qualquer revolvesse matéria de sonhos, lágrimas e de caminhos estrangeiros.
Eles levaram aquilo que possuo entre os dedos, uma penumbra maligna que tomava conta das falanges e dos ossos das mãos.
Não possuía nome, apenas sombra do extinto que era ainda ainda inominado, mas pertencia ao dono das muitas faces.
Ossos, muitos nomes, pouco conhecidos, caminhos estrangeiros, pintadas por uma negra penumbra.
Em tons de grafite, algo de silencioso invadiu minha língua e pertenceu ao passado.
Caminhei entre aqueles que possuem um certo metal nos dentes, aqueles que desaprenderam a língua dos Homens.
Não possuíam caminhos do passado e das penumbras que circulam entre fumaças com cheiro de ossos e vidas.
A terra estava repleta por matéria de esverdeada coloração, como fumaça densa de chaminé da casa ao lado.
Nunca soube o nome daquele vizinho, nunca consegui enxergar a lateral branca do que consome os ossos.
A aurora ofuscou o cinza de meu grito ainda inominado na penumbra maligna de sonhos, lágrimas e dentes.
Os deuses percorreram as salas invisitadas por qualquer objeto ou pertence de caminhos estrangeiros, nomes negros.
A penumbra correu junto à criança de corpo de demônio, esguio, ainda inominada, lágrimas silenciosas.
Eram escuros, repletos de grafite, e invadiu os Homens na vaga memória que tomava conta dos ossos e dos muitos nomes do etéreo. 
Nunca soube o nome daquele enxergar lateral de coloração esverdeada e que tomava conta das falanges e dos ossos dos pés.
A criança ofuscou o demônio e mascarou as pupilas do céu.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Planetária

Descobri num fragmento de Tempo que estilhaçou vinganças e vidraças minhas em terras áridas estava eu ainda aqui, ali, feito matéria dos contornos das veias e das pálpebras flutuantes de som.
Som do ar que repleto de fósforo e outras químicas estranhas e com algo de hidrogênio estava meu desejo feito epígrafe em pés, pratos e costuras de roupas.
Escavei por caminhos estranhos de sulfato, tudo era somente pele de tuas covas e túmulos esverdeados em peito de cálcio.
Mas havia ainda um doce céu espelhado e aberto e meus dois olhos que possuíam um tom de Saturno, da Lua e de Vênus.
Combinação esplêndida à melancolia que permeia minhas unhas, dedos e escrivaninhas, meu nome, meu nódulos, minha faca de gume afiado.
Há um suspenso grito expelido numa viagem ao mundo espiralado de alguns deuses antigos, não quero citar nome, meu nome, meus dedos, minhas unhas, minha faca de gume afiado.
Descobri um doce caminho de chumbo que estilhaçou meus olhos em vinganças e vidraças minhas em terras áridas estava eu ainda aqui.
Presente como se chuva fosse meu caminho de pedrosa e amuralhada alma de cantos prosaicos e estremecidos na sombra cinzenta de teu sonho.
Tudo era sonho em absoluto, mesmo sob os dedos repletos de chumbo, covas, matéria de pratos, pés, costuras de roupas.
Esperei e aguardei pelo segundo movimento, tão estranho a minha terra natal e a minha língua materna. Tangenciei pelo contorno de teus olhos vinganças e vidraças.
Espremi um suspenso grito expelido pelo fósforo flutuantes de som e de hidrogênio.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Passagem

Tenho por medo a perda das coisas que me arrependo depois.
Tenho por medo livros e livros que deixei passar, sem olhar a rota das nuvens antes.
Deixei roupas, corpos, vinhos, sapatos diversos e mais e mais livros dos quais não me recordo nenhum nome.
Deixei tantos anos e cores cardinais se frustrarem por baixo de minhas pálpebras
Que penso que o tempo irá borrar a vista turva por passeios em parques melancólicos de mim.
As doces memórias de uma nuvem borrada de chão estão retidas na retina dos tempos, dos tempos, dos tempos.
Estão retidas nos termos de uma música de outro pão, de outro papel, de outro amor.
Contém astros, verbos, presas castas, minerais ainda indecifrados pelos gestos.
Contém toda a brisa de um suave olhar esverdeado como sombra da árvore musgo sobre a terra batida.
Contém amanhecer alaranjado no qual retive em círculos concêntricos de frutas e flores o sorriso do teu nome.
As lembranças de um sorriso ígneo e forte, sincopado como letra de ventania que escreveu meu nome na tua delicada pureza.
As lembranças ígneas decifraram o meu nome na poeira das nuvens que contém brisas, astros e terra.
As mães de anos e cores mutáveis nomearam as mãos de outrora e represaram o medo  das coisas que me arrependo depois.
A vida é larga, vasta, casta presa de poder forte e ígneo, muralha de tempos, muralha de musgo verde sobre a sombra da terra.
Arrependo-me de mencionar nomes, memórias, tantas imagens que retive por debaixo de cílios, lágrimas, glândulas, retina, pupilas, vastas, presas castas.
Calei perante aquela presença repleta de mutáveis tempos e astros, pois o suave olhar esverdeado permaneceu sem olhar livros e livros que tenho por medo e deixei passar.
Os melancólicos pesares fixos de meu peito permanecem em sincopado chão, em doces memórias que fustigam as formas amplas de meus nomes.
Há exata virtude no silêncio cativo e manifesto que suspende nuvens e astros sob meus dedos.
As partes doces das lembranças ígneas estão retidas na retina dos tempos, dos tempos, dos tempos.
Tenho por medo a perda das coisas que me arrependo depois.
Tenho por medo livros e livros que deixei passar, sem olhar a rota das nuvens antes.