segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Posso amar em silêncios e cartas não escritas.
Posso calar à visão espiralada de seus olhos escuros.
posso apagar o passado e futuro ao som de tuas cordas.
Posso gritar, me levantar, arranhar paredes.
Posso devorar a solidão em pratos alheios.
Posso usar a farda do cansaço e da estrada.
Posso acender um cigarro e presenciar o nada.
Posso ser pássaros em revoada, como um galope.
Posso cortar uma fotografia envelhecida.
Posso cantar o suave vento, amarelado pelo sol.
Posso ser névoa e neblina, somente um pensamento teu.
Posso anelar teus cabelos revoltos em meus dedos.
Posso sentir sede e fome e matá-las no céu.
Posso buscar poesia e somente haver 
tinta, papel 
e tristeza.

(24/12/2013)
Eis aqui um coração
envolto na bandeira negra
do luto e do anarquismo,
que se nega à pulsar
em fluidos e dissolutos cinismos 
que abraça a loucura e suas transformações
revoluções
e se deleita em companhia de estranhos e cães.
E dos párias. E dos sem pátria. E dos sem mães.
E dos sem Deus.

(13/04/2014)
Os tons alaranjados e purpúreos do cair
da tarde
trouxeram um sentimento estranho aqueles
que guerreavam:
Não era por causa das bombas,
pois estas não lhes afetava os corações.
Não era tampouco por causa dos tiros,
pois estes não lhes minava a mente em coragem;
mas o medo e ódio instalados no sangue,
estes sim, destruíam homens e terras.

(12/04/2014)