sábado, 28 de janeiro de 2012

Manhã Chuvosa

Mulher-Vento, Mulher-Dia
Mulher-Fogo, Mulher-Noite.
Em teu útero gera-se o sangue,
Gera-se vida e dor.
Na Beleza de teus olhos caleidoscópicos
Fagulhas dos deuses dançam e cantam
E na sombra de tua noite
A antiga morada do sonho habita;
Inominável, forte e misteriosa.
Nos dias de teu corpo,
Vênus pulsa e choram Faunos.
Raízes, galhos, muros e chão;
Terra molhada brota de teus seios
E de teus cabelos de mar,
Ondas de medo soturno caem.
Volta a dormir, pois, mulher,
Somente mais uma manhã chuvosa se insinua sobre o céu.





sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Calvário

Pele escaldante em vento fustigante,

Cravos profundos em carne pulsante,

Coração vivo, olhos de preces...

A Terra gira em frenesi no entardecer da dor.

Se eu morrer qual será minha recompensa?

Punição, culpa e sofrimento:

Eis teu calvário, tua inglória saga.

Preciso saber, Senhor, não anseio por ser morto em vão.
Risos, escárnio e solidão, eis o que te aguarda, meu Filho.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O Suspiro do Flautista

Lábios macios tocam tangencialmente o instrumento...
 E em ventos de mares e céus
sopram melódicos compassos
na dança frenética dos Deuses.

Mãos ágeis, olhos felinos.

Suor, saliva, língua e suspiros:
neste jogo um tanto erótico
toco seu corpo esguio e metálico
com calor, doçura e frenesi.

E com um sorriso e cansaço
Deixo-te de lado após horas
Degustando-te qual vinho 
Em ébria paixão feroz.