quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O Arcano

O louco persegue com seus multinomes
A borboleta, em dia de céu azul, multicolorida.
O cão ladra, avisando ao caminhante
O abismo logo à frente
Porém este mergulha no negrume do vão
Do vão inominável e vertiginosas quedas
Infinitos espirais, prenhes do nada
e do tudo.
E o louco gargalha em sua transformação
Abraçando ao todo e ao vazio.
Troca de pele, conforme ditam certos animais
E tal como as árvores, nos dias de outono.
E nesta dança cigana, inconsciente,
É sábio e forte, por ser insano.
Pois a imprevisibilidade das estações e dos cantos dos pássaros,
são alguns de seus números da sorte.
Como um sonho pode ressurgir
Dentre as águas turvadas por cinzas
Cinzas de fogueiras já extintas.
Há um ressuscitar em dedos e anéis
E naqueles olhos longínquos.
Olhos desconhecidos e forasteiros
Como todo sonho sincopado pela vida,
Que pode correr como mar tempestuoso
Ou como rio brando, forte, calmo, intenso
À força da ressurreição de uma vida

Num coração alquebrado e (quase) desesperançoso.

Luta a tua causa, homem de bem, não sei de onde vens
Nem da cor de teus olhos.

Vem que te espero, na volta ao teu lar
com uma canção nos lábios e com os braços
Repletos do frescor daquelas árvores
nas quais repousavas nos repousados calmos dias
de tua infância, na infância de teu espírito.