domingo, 17 de julho de 2016

Pelas migalhas, eu humildemente agradeço

O ar cativou o gelo em vidraça cinza.
Ecos, montanhas, matagais, no gelo do encaminhamento.
A terra resvalada pelo vento corrupia no céu da boca estrelado.
Mecânicos livra-me deuses dos trabalhos de Hércules.
Essa jornada do herói possui mais que cinco elementos.
Não tenho forças para segui-los e meu pensamento é neblina.
Repetem ecos sem livre arbítrio, as folhas parecem outonais, é tempo de parar.
Guardar luto pelos invernos, guardas lutas para os infernos, guarda amores para os enfermos.
Ajoelhei em cacos de vidro, a neblina era densa, parecia-me que havia começado outro país no passado.
Captei um eco entre montanhas e havia verdes, animais que carregam sinos barulhentos nos pescoços e velas em meus dedos.
Ecos, os doze trabalhos eram entre sombras e astúcias, não poderia: só conhecia canto bruto.
Havia um fogo no pós-inverno que a neblina mostrava aos cacos ensanguentados. 
Os caminhos eram de início cinco, pedia que lembrassem de mim, que não escondessem de meu nome.
Meu olhar perseguia neblina, minha voz possui o encaminhamento que guarda tempo para os enfermos e para países novos.
O ar entre meus pulmões era neblina, meu nome era neblina, meus olhos opacos, é tempo de parar.
Não se esqueça de mim, animais carregam os sinos e minhas pálpebras bovinas e barulhentas entre as costelas.
As velas entre meus dedos escorregaram e sou grata por migalhas e por aquilo que não houve.
As velas entre meus dedos são pelos mortos em valas e covas rasas e por tudo aquilo que não houve.
As velas entre meus dedos são pelos acordes mendicantes das ordens antigas e dos países do passado.
Por migalhas e por tudo aquilo que não houve, eu agradeço, ajoelhada em cacos de sangue e vidro.
Por migalhas e  por neblina, agradeço cada letra que derramou nas valas comuns de mortos.
Sou grata pelas migalhas e pelos caminhos de neblina, onde há trabalhos de astúcia, corisco e trilhas bovinas.
Por migalhas eu corri, eu agradeço, carrego os enfermos entre as pernas, feito animal que carrega sino barulhento no pescoço.
Eu agradeço pela neblina, pelas migalhas e assim o ar cativou gelo em vidraça morta.
Pelas migalhas, eu humildemente agradeço:
Há compaixão em meu olhar bovino, guarde isso para os enfermos dos países passados.


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