quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Paisagem da Janela

Quando ergues tua mão de punho aberto para o céu noite,
Vejo como brilham teus dedos-estrela, ágeis e cansados.
Da janela vejo um homem manco, vestido de lama, ao sabor dos loucos.
Ele abriu as portas das mãos em direção às sombras, não fora visto.
Das árvores que remoem tempestades, vejo morcegos que se agitam em espirais-animal.
Todos estão um tanto soturnos, como se houvesse veneno sob a forma de humanidade,
em cada gesto, em quantos rodopiares de saias, em tempos estranhos, desumanos.
O fôlego das folhas está suspenso, como se causa fosse uma pausa que precede nota musical.
E como se sacode a solidão do homem e do morcego, 
quando as árvores atropelam meu silêncio vasto, prenhe, quase grito.
Caminha o firmamento em rapidez curta, banhando cortinas de chuva.
A solidão do morcego, do homem, da noite, das árvores, do vento,
Abrem mãos e asas de estrela e caminham juntos ao coração sereno do sono.
Mas não cumprirão o destino do amanhã, aprisionados nos termos de seu domicílio noturno.



2 comentários:

  1. Tua escrita me encanta,me envolve....é insólita e visceral,do jeito que enxergo a vida...você é muito boa... escreva mais.

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