sexta-feira, 2 de abril de 2010

Purgatório de Terra

Pretensos olhos de mar,
Guiem este corpo de caravela...
Este que um dia já foi seu.
Não me fustigue com seus ventos de madrugada.

E se algum dia,
Resolver deixar de banhar aquelas pedras velhas,
E desejares fazer parte deste meu purgatório de terra;
Deste meu antigo penar
E neste velho mundo
permitirei que bebas de meu vinho.
E que partilhes de minha solidão.

Não te orgulhes,
Pois todos possuem a dor latente
Daqueles há muito abandonados.
Não possuis nada e nada levará,
A não ser este velho caminho de poeira
Cansado tal e qual meu corpo.

Posso compor belos poemas,
tristes como seu rosto.
Mas ainda seria dura e de nada adiantaria
Correr e chorar pelos mortos amores.
Estes são apenas árvores ressentidas
E banhadas pela brisa matutina.

O mistério pede o contorno de tuas sobrancelhas
levantadas.
Altas qual um gigante,
Porém cego e derrotado.
Não posso mais encantar,
Mas ainda posso escrever belos e tristes poemas.
Assim como este.

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