quinta-feira, 9 de junho de 2016

Havia um lar repleto de beleza II

Enquanto corria pelo teu jardim de luzes azuladas e simples, percebi vozes, pensamentos oraculares, cabelos raros e lentos, pois o sonho é furtivo nos campos de trigo.
Meu corpo poderia se sentir em casa na suave e na beleza noturna dos pássaros que fazem caminho em troncos de árvores.
Não posso conter a leveza que perambula em elemento de matéria ar, de pouco fogo, que anoitece quando fecho pálpebras.
Fecho minhas pálpebras com os teus dedos suaves de beleza noturna, amanhecer divino, pés descalços em simples chão de terra.
O cansaço apanhou meu pés que levitavam um tanto acima do chão, lembrando que o céu era inadequado e que a Terra era perigo constante de constrangimentos e de guerras.
Viajei em oráculo violáceo de mistérios do ar, pois a leveza carregava um sono prudente, lento, constante, de olhos de cor de lençol antigo, porém limpo, estendido sobre a cama simples e prudente.
Temo em mim o caos das guerras, das tristezas que deitam corpos nos chãos, que vertem ampulhetas, que escorregam sobre lençóis em meu corpo de pouco fogo, tenho poucas vísceras na beleza noturna.
Fecho as línguas que pássaros possuem sobre as vestes de antigas bruxas.
Penumbravam minhas pálpebras fechadas por teus dedos finos, oraculares, violáceos, a atenta melancolia.
Os uivos noturnos perseguiam meus pés que caminhavam na terra úmida que não se poderia enxergar nas trilhas da noite, no vento frio, na montanha vertiginosa a muitos metros, no sono perdido em entardecer de pássaros.
Chamei teu nome, mas não havia luz, pegou minha mão com teus dedos leves e oraculares de terra e ar, levitando por sobre teu ombro, reencontrei o sonho furtivo nos campos de trigo. 
Não se esqueça de nomes mencionados, de melancolias suaves na beleza da fria lembrança de constrangimentos simples, melancolias de pouco fogo.
Teu nome é o lar repleto de beleza, de melancolia, de pássaros simples, de árvores oraculares em troncos de corpos.
Te chamo violáceo, inalterado, inacabado corpo em metástase, como um lençol estendido sobre a noite invadida por lua fina.
Temo carregar esse oráculo que pegou minha mão com teus dedos leves de terra e ar, em constante perigo de amanhecer divino e assombroso, a atenta melancolia.

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