domingo, 22 de maio de 2016

Delicadeza

Havia algo de indiferença que nomeava pulsos no canto da minha sala estranha.
Sala branca, pulsos rápidos, vasos em coração de amarga tinta que escura escorria demência.
Era de sabor amargo, oposto ao sal, ao sal e ao corpo, era tangenciado pela língua de viperinas facas.
Sete facas amoladas cortaram meu nome em pulso estrangulado.
Batidas como golpes se atiravam dos céus em vespertino colorido azulado e delicado.
A morte como pelos cantos da sala, um delicado acidente que revira olhos e contorce mãos.
Sete nomes afiavam a língua sob sombras, sob o sal que seca colheitas, sob a delicadeza do demoníaco anoitecer.
Todos anoitecem com pulso, facas, amarga lucidez de estanque golpe surdo.
O verbo tem ossos como mel nos olhos do dia, no cerne do centro amolado, feito golpe afiado.
Quebra estruturas de melancolia demoníaca, arrebenta mares em gestação de meu ventre violáceo, adoecido.
Queima carne polida em versos de sobrancelhas de vertigem e síncopes.
Olhos revirados e luzes que subvertem os ramos de trigo que carrego nos punhos erguidos.
A violência é pureza divina em meu corpo, trigo invertebrado, corpo invertido.
Não há verbo no caminhar descalço de minha virtude sobre os mortos, há beleza feral, selvática
O pesadelo caça os pulsos rápidos em retorno de contos, de casas, de expurgos, de vermes e de ventania antiga.
O vômito precedeu palavra magia e céu azulado, contorce mãos e seca colheitas.
O golpe surdo anoitece e queima com indiferença em minha sala estranha.
Todos os mais de cinquenta pontos cardinais de meus ossos estancaram no cerne de sete facas.

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