domingo, 20 de setembro de 2015

Cálcio e Estrelas

                                                                     Dedicado aos presos assassinados e 
desaparecidos no Chile, 
durante a ditadura militar de Pinochet,
 e às suas mulheres, filhas, irmãs 
que buscam restos de suas ossadas 
no deserto de Atacama.

O Sangue que ferve ossos desde o primeiro grito, forte, prematuro.
O galope ágil mistura folhas e galhos nos rostos pálidos.
O Vento quebra sons, indelicadamente, em barreira de areia e calcário.
Centelha de estrelas em olhos de cálcio.
Estrelas distantes, crepitar silencioso da nebulosa.
Labaredas e sombras em cavernas escuras, campos de morte.
Encontra-se somente o lodo de antigos sapatos, escritos e prantos.
Pedras, homens, carne fendida, gritos, estradas fervidas.
Silêncio, sangue que ferve ossos ancestrais, desaparecidos.
Cálcio dos ossos de todos os homens de estrelas fendidas.
Perdas, homens, ossos, galope silencioso de areia.
Rebentar de ventos em sóis do amanhã desaparecido.
Crepitar da barreira de areia em olhos de velhas mulheres, caminham.
Copo de vidro em mãos, quebra, estilhaça fragmentos de corpos de velhas mães, caminham.
O vento e as sombras fervem estrelas escuras, arenosas memórias, calcificadas.
Ancestrais, velhos ossos de baleia, crepitar ágil em olhos de cálcio, nebulosas areias-galáxias.
Pedras, sangue, horrores e guerras, caminham silentes em memória.
velho copo de vidro em mãos de cálcio, desaparecidas.
Centelhas, galope, versos de estrelas, barreira prematura e forte.
Areia velha, desaparecida, uníssono vento, prematuro, forte. 

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