segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Corre, vento, corre, vento!
Náusea, tanta dor neste peito atormentado
E o pesar e medo, de mãos dadas, rumo ao fim
Aos círculos espiralados,
coloridos,
Flutua, teu corpo denso
Coisa, vento, coisa, vento, coisa!
Inominável, dor, desespero, mágoa!

Arde em tonturas, breves vertigens....
estavas acordado quando tudo aconteceu?
Sentiste a meia de seda roçar por todo teu corpo de anestesia?
E aquela mulher de carnes flácidas com quem te deitavas de tempos em tempos...
Quanta náusea!
Rocha, mar, rocha, mar, rocha!
Cinza, sem forma, sem sabor, gosto de passado,
Cheiros estranhos, distantes,
Vinhos, talvez?
Agridoce é o sabor da tua pele, tempo, morte, rocha, mar, coisa, vento!




Em Homenagem ao meu caríssimo Sartre

3 comentários:

  1. É, Sartre era muito só mesmo... Para ser tão gênio e tão idiota.

    E esse texto gira, feito cabeça com náusea. Conseguiu impactar como queria.

    O sabor das peles vai se acabando com o tempo... e a língua perde o paladar. É rocha, ou mar? É Sartre com Beauvoir.

    ResponderExcluir
  2. Este poema tem imagens de outros que você já escreveu, mas outras diferentes. E falam de alguém diferente - um marinheiro, que andava de porto em porto? Foi minha impressão, embora a menção a Sartre.

    Aliás, é de Sartre a epígrafe de A Encruzilhada. Ele escreve coisas curiosas. :)

    ResponderExcluir