Esbugalha milho em pés terrenos.
Pés grossos, densos tortos dedos sujos.
Entre terra calcam meus canhestros pés sujos
Cansa, canta, cala, meu dia esbugalha feito vento na carne da luta que não tem terra.
Cata e esbugalha à assustadora névoa que perambula como um tropeço no teu soluço.
Cansa, os pés assustados que admiram tuas grossas e escuras sobrancelhas por cima de óculos grossos.
Terra, meus gritos umedecidos, teus olhos um pouco emudecidos, meus pés angustiados.
Minha saliva entope minhas cordas vocais que buscam um sinônimo bonito para tuas sobrancelhas.
A terra é mais fria que teus dedos que mesclam caminhos entre meus pés.
O trajeto da terra até os dedos dos pés é lento, doloroso, vacante, detém vozes silenciadas.
A vulgar estranheza de uma manhã de nuvens acinzentadas por chuva que precede ato que corta silente tropeço, silente soluço.
Começo a terminar a safra do inferno, de garganta arregaçada na terra que rasga dignidade.
Mistura terra, pés, sujeira, deidade por cima de tuas sobrancelhas que só digo que são bonitas, pois a angústia não permite adjetivos muitos.
Carros, terras, testamentos, óculos, terras, sobrancelhas erguidas, pedra, janela, parede de concreto.
Terras, poluição, alimentar a grossa vadiagem da minha saliva, minha garganta embrulhada em terra vulgarizada por coisas tolas e inexpressivas.
Tua sobrancelha emoldura minha saliva grossa feito a colheita que esbugalha milho em pés canhestros.
sexta-feira, 3 de junho de 2016
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